segunda-feira, 9 de julho de 2012

Para Roma, Com Amor (To Rome With Love)

Tenho tentado variar um pouco os assuntos mas, devido a esse período de férias, fica difícil não assistir a milhões de filmes. Ai não resisto e acabo falando sobre eles.

No entanto, no caso deste aqui, a recomendação realmente vale a pena. Confesso que fui assistir Para Roma, Com Amor bastante desanimada. O gênero do Woody Allen até me agrada, mas para assistir em um dia chuvoso, em casa, quando não há nada para fazer. Me mobilizar para ir ao cinema, assistir a um filme dele... É, não é algo que eu faria. Mas sorte que fui convencida a ir.
Há de se considerar que o diretor já havia se "reinventado" bastante em Meia Noite em Paris, filme que lhe concedeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. Sair de Nova York e dinamizar mais suas histórias já foi um grande passo para um diretor que está beirando os 80 anos. Isso, de fato, já representa um grande feito. Mas para quem pensa que Woody Allen se superou em Meia Noite em Paris, deve assistir a esse seu novo filme.

Capa de Para Roma, Com Amor

A história foi baseada na obra Decamerão, escrita por Giovani Boccaccio, entre 1348 e 1353, mas Woody Allen adaptou-a para os dias de hoje. Ela é subdividida em 4 histórias, que aparentemente não se relacionam, mas são todas embasadas em relacionamentos (por mais que esse tipo de filme pareça entediante, acredite, não é).

A primeira delas é a respeito de um casal que vive em Roma. O namorado, Jack (Jesse Eisenberg), encontra pelas ruas da cidade o arquiteto consagrado John (Alec Baldwin), que passa a ser uma espécie de consciência para o garoto no decorrer da trama. Ele também se identifica com as situações enfrentadas por Jack, sobretudo quando a sedutora amiga de sua namorada, papel de Ellen Page (atriz de Juno) chamada Monica, vem passar uns dias na casa do casal e acaba conquistando o garoto.
Não subestime a atriz, por sua pouca idade ou aparência comum, pois sua atuação é realmente muito boa. Essa história é bem legal, sobretudo pelos comentários de John. A garota conta diversas histórias para surpreender Jack, que acaba se envolvendo e admirando-a cada vez mais. 

Ellen Page, Jesse Eisenberg e Alec Baldwin

Ao mesmo tempo, Jerry (Woody Allen) e sua esposa Phyllis (Judy Davis) viajam a Roma para conhecer o genro e sua família. Phyllis é uma psiquiatra que vive analisando seu marido e Jerry é um aposentado que mostra-se frustrado com a falta de uma atividade. No entanto, uma surpresa relacionada com o novo sogro de sua filha despertará o interesse de Jerry.
Essa é a história, na minha opinião, mais cansativa do filme. Convenhamos, Woody Allen sempre reserva para si o papel do personagem mais chato, e nesse filme não foi diferente. No entanto, as situações em que ele coloca o sogro da filha são bastante divertidas.


Woody Allen e Judy Davis

A próxima história é relativa à vida de Leopoldo, interpretado por Roberto Benigni (premiado ator e diretor italiano), cidadão comum, de classe média, com uma vida pacata em Roma. No entanto, certo dia, ao sair de casa, ele é surpreendido com diversos paparazzis e repórteres que passam a tratá-lo como alguém famoso, fazendo perguntas banais e mostrando extremo interesse sobre sua vida. Ele se torna uma figura pública e passa a sair com modelos famosas, mas constantemente se irrita com a imprensa sempre à sua volta.
Essa história é sensacional. É bastante interessante a abordagem feita por Woody Allen nesse caso, pois mostra quão banais são algumas notícias a respeito de famosos. Perguntas ridiculamente desinteressantes são feitas para Roberto, como "o que comeu no café da manhã" e "que modelo de cuecas usa", gerando o humor da história e questionando alguns comportamentos da imprensa e dos consumidores de "fofocas de famosos".


Roberto Begnini
Por fim, a última história trata de um casal - Antonio (Alessandro Tiberi) e Milly (Alessandra Mastronardi) - que morava no interior da Itália mas vem para Roma devido ao emprego do marido. No entanto, Mille se perde do marido em busca de um cabeleireiro e acaba encontrando um famoso ator italiano, enquanto Antonio recebe um presente "inesperado" em seu quarto: uma prostituta (papel da linda Penélope Cruz), que acaba sendo confundida como esposa de Antonio, gerando uma enorme confusão para o rapaz.
Essa história é bem interessante também. A interpretação de Penélope Cruz é ótima, sua personagem é bastante divertida e a atriz realmente incorpora uma prostituta, sem modos ou etiqueta. A confusão toma proporções muito grandes, fator que gera o humor da história.

Alessandro Tiberi e Penélope Cruz

Depois da análise de cada pequena história, fica claro que minha avaliação sobre o enredo é bastante positiva. Apesar da história em que Woody Allen atua ser um pouco cansativa, o filme como um todo é dinâmico e muito divertido. Apesar de falar de sentimentos e situações não muito originais, a forma como o diretor as expôs tornou o filme, para mim, o melhor de todos já produzidos por Woody Allen (apesar de ter adorado Meia Noite em Paris). As imagens de Roma também são maravilhosas e contribuem para tornar o filme uma grande obra.

Trailer:

domingo, 8 de julho de 2012

All Work and All Play - Gerações e Consumo

Acabei de assistir um curto vídeo e logo corri para cá a fim de mostrá-lo a vocês.

Lembrou-me bastante um livro que li, O Y Da Questão. Ambos abordam a evolução das gerações ao longo do século sobretudo no ambiente de trabalho, e como isso afeta sua vida pessoal. Abordam também a famosa Geração Y, nascida no final da década de 1980, inicio de 1990, de indivíduos (como eu) que cresceram ao lado do computador, da tecnologia, da flexibilidade e da globalização. O livro que comento é muito interessante, a linguagem é bastante simples e os casos que os autores contam são engraçadíssimos, todos para demonstrar o comportamento dessa nova geração, que está entrando agora no mercado de trabalho. Não me aprofundo mais no tema pois admito que não me lembro de situações ou passagens específicas do livro, pois o li ano passado. Mas certamente o indico, vale bastante a pena.

Capa de O Y da Questão
Logo acima coloquei a foto da capa do livro, onde constam os autores (Lynne C. Lancaster e David Stillman) e a editora (Editora Saraiva). Dêem uma procurada nas livrarias.

Para quem quiser ter uma prévia, vale assistir ao video abaixo. O tema é esse mesmo. Ele foi feito pela Box1848, uma empresa de pesquisa especializada em tendências e comportamento de consumo. Ele começa explicando um pouco sobre os Baby Boomers, em seguida passa para a Geração X e por fim fala dos Millennials, que seria a Geração Y. Impossível não se identificar, é um trabalho muito interessante, que vale seus (apenas) 10 minutos de duração.


Sombras da Noite (Dark Shadows)

Oi oi.
Como prometido, os posts voltarão a ser frequentes.

Esse é sobre o novo filme do Tim Burton, que vem sendo bastante comentado na mídia, como de costume. Sombras da Noite é uma espécie de comédia, com aquele jeito tradicional de bizarrisses (no bom sentido) do diretor. É inegável dizer que Tim Burton anda um tanto acomodado em suas obras, uma vez que esse conteúdo gótico não cansa de permear seus filmes. Há quem tenha se cansado disso e, consequentemente, não tenha gostado da produção. Eu, particularmente, acredito que, no caso de Tim, as opiniões sempre serão extremas. Existe sempre aqueles apaixonados e aqueles que mal podem ouvir seu nome, uma vez que o gênero de seus filmes é um tanto "exótico". Pois bem, se o leitor não se atrai muito por esse gênero, não gaste seu tempo assistindo Sombras da Noite, pois pensará ser "variação do mesmo tema". No entanto, se este gênero te agrada, acredito que sairá bastante satisfeito do cinema.

Cartaz do Filme

Trazendo o tema recorrente de vampiros, mas bem menos "romântico-batido" que Crepúsculo, o filme conta a história de Barnabas Collins, estrelado (obviamente) por Johnny Depp, sendo este o oitavo filme em que Tim e Johnny trabalham juntos. Em meados do século XVIII, Barnabas era um homem bastante rico, que conquistava diversas mulheres. Um de seus relacionamentos, com Angelique (Eva Green - ótima atriz), logo fez com que a garota se apaixonasse. No entanto, pouco tempo depois, Barnabas apaixona-se por Josette (Bella Hearthcote - chatinha, lembra a atriz de Alice), despertando o ciúme e a ira de Angelique, que revela-se uma feiticeira. Ela não só mata os pais de Barnabas e sua amada, como também o transforma em um vampiro e o trancafia em um caixão por duzentos anos.
Família Collins
Depois de todo esse tempo, ele finalmente escapa do caixão e volta para sua antiga casa, agora habitada por seus novos parentes. É ai que entra Helena Bonham Carter, esposa de Tim Burton e sempre atriz de seus filmes, no papel de Julia Hoffman, integrante (pouco importante) da família. A diferença de épocas é fator principal para o humor do filme, trazendo diversas confusões de Barnabas, como a troca de carroças por carros, terra por estradas asfaltadas, e por ai vai. Parece uma piada óbvia, mas é realmente divertido. Ao conviver com a família, descobre que Angelique ainda vive e é responsável pela falência da família Collins. Barnabas decide então se vingar, reativando os antigos negócios e incomodando a feiticeira. 


Barnabas (Johnny Depp) e Angelique (Eva Green)
(cena divertidíssima em que os personagens transam)

O filme é muito bom, divertido, mas de fato não surpreende. Não se deve criar muitas expectativas a respeito, mas é válido. A meu ver, assistir a uma atuação de Johnny Depp é sempre prazeroso, seja lá o papel, apesar de sua maquiagem não tê-lo deixado atraente como de costume. Helena é um pouco nula, a impressão que me passou foi que seu papel era dispensável, mas ser esposa de Tim Burton lhe "abriu portas", não sei, mas sua atuação também é interessante. Acredito que Eva Green mereça destaque, por representar brilhantemente uma mulher forte, sensual, mas completamente louca de ciúmes. As imagens são sempre ótimas e a filmagem é realmente muito boa.
Digo novamente que, para quem gosta, vale a pena.

Trailer:

sábado, 7 de julho de 2012

Equus (Teatro Folha)

Enfim que volta, para um novo post.

Prometi voltar com mais frequência, mas perder o hábito realmente é complicado. No entanto, logo menos me organizo e volto a postar mais por aqui.

Bom, esse post é a respeito da peça Equus, em cartaz até o dia 19 de agosto desse ano, no Teatro Folha (dentro do shopping Higienópolis). O espetáculo já gerou bastante repercussão na Inglaterra, sobretudo em função do protagonista ser Daniel Radcliffe, o ator da saga Harry Potter e de ele realizar cenas de nudismo juntamente a um cavalo. A estreia em São Paulo teve muito sucesso, em função da grande divulgação, inclusive na grande Rede Globo.


No elenco, temos Leonardo Miggiorin no lugar de Radcliffe, interpretando Alan Strang, jovem bastante complexado que passa a se consultar com o psiquiatra Martin Dysart (Elias Andreato), depois de um perturbador crime: ter cegado 5 cavalos do estábulo onde trabalhava. No decorrer da história, Martin tenta desvendar os problemas de Alan, através sobretudo de sua família e de seu passado. No entanto, as revelações vão se mostrando cada vez mais intensas, e acabam fazendo com que Martin enfrente seus próprios medos e inseguranças.



Diferentemente da versão britânica, que contava com cavalos de verdade no palco (algo que para mim é bastante questionável, uma vez que o trabalho representa um estresse terrível para o animal), em São Paulo podemos contar com atores que representam os bichos. Pode parecer estranho e até mesmo questionável, mas a representação deles ficou maravilhosa e tornou a peça, a meu ver, ainda mais intensa. Admiro bastante a criatividade do brasileiro em adaptar o óbvio, tornando-o ainda mais artístico.

Outro fator que merece destaque é a atuação de Miggiorin. Não se precipite com essa carinha de ator da Malhação, pois ele atua magnificamente. Chega a ser perturbador vê-lo sofrer com todo o seu passado e o reflexo deste em suas ações. Miggiorin expressa brilhantemente a imensidão de sentimentos pelos quais Alan passa. Além disso, as cenas de nudez foram feitas com grande profissionalismo, algo que também me surpreendeu. Aliás, esse é um ponto que deve ser salientado: existem algumas cenas em que ele e uma outra garota aparecem nus, algo que pode incomodar determinado público. Mas é importante que se diga que em nenhum momento há cenas vulgares, desnecessariamente sexuais e sobretudo de zoofilia. 



Para quem não se incomoda com isso, a peça tende a ser um ótimo espetáculo. Não é exatamente uma história que eu considere comercial, já que "não é para qualquer um", devido à densidade do assunto e tudo mais. Mas é uma dica interessante para quem busca uma peça inteligente, dessas que prendem a plateia do começo ao fim.

Os ingressos variam de 40 a 60 reais a inteira. A partir de hoje, sextas as 21h30, sábados as 22h e domingos as 20h. A duração é de 90 minutos e o conteúdo não é recomendado para menores de 16 anos.
Encontrei aqui um vídeo para quem se interessar:



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um Sonho de Liberdade (Shawshank Redemption)

Boa noite,

Me ausentei por muito tempo. Motivos foram vários.. viagens, faculdade, correria de provas e trabalhos.. Mas agora que estou (quase) de férias, decidi voltar a escrever e recuperar o tempo perdido.

Na verdade, o que mais me motivou foi o incrível filme que assisti ontem mesmo. Sempre que assisto um filme que me agrada bastante eu acabo me entusiasmando ao descrevê-lo. Perdoem possíveis exageros meus, mas realmente me surpreendi com essa história incrível, dirigida por Frank Darabont, protagonizada (e narrada) por ninguém menos que Morgan Freeman, além do ator Tim Robbins, que eu particularmente não conhecia exatamente o trabalho, mas me impressionei com a qualidade de sua atuação.

Uma descrição do enredo: Andy Dufresne (Tim Robbins), um rico banqueiro, é acusado injustamente do assassinato de sua esposa e seu amante. Devido à gravidade do crime, Andy é sentenciado a prisão perpétua na penitenciária de Shawshank (daí o nome, em inglês, do filme) onde, de início, sofre agressões e abusos diversos, seja de detentos que o corrompem sexualmente, seja do diretor e capitão que o agridem e o manipulam. Lá ele também conhece Red (Morgan Freeman), detento famoso por realizar compras ilegais de produtos para os detentos.

Andy e Red em um partida de damas
Red, narrador da história, logo conta perceber em Andy algo diferente. Detentor de uma incrível genialidade, o personagem realiza, no decorrer da história, diversas ações (algumas mais pontuais, outras nem tanto, mas todas maravilhosas) para proporcionar aos detentos cultura e breves momentos de felicidade e liberdade. E no final (não se preocupem, não contarei!), Andy expressa mais do que nunca sua genialidade, num feito que, sinceramente, consumiu horas de meus pensamentos ao terminar de assistir ao longa metragem.

Eu acredito, realmente, que essa história é uma das mais incríveis que já assisti. Não apenas pela trama central de Andy (me entusiasmo bastante com histórias sobre pessoas inteligentes, rs), mas também por apresentar uma visão bastante interessante de como é a realidade de um prisioneiro. Admito que o diretor atenuou alguns dos momentos mais "pesados" do filme, e portanto o dia-a-dia daqueles homens não pode ser levado, ao pé da letra, como o verdadeiro dia-a-dia de um detento. Os protagonistas têm muita sorte de terem se encontrado e de terem formado um grupo de amigos relativamente saudável, algo que, acredito eu, não seja muito comum em uma penitenciária.
Capa do filme
Porém, algumas perspectivas apresentadas são muito interessantes. A percepção de liberdade, já totalmente abandonada por Red e que Andy busca trazê-la de volta. A ideia de que a prisão pode ser um local ruim no começo, mas que depois de um tempo (como os quase 20 anos de Andy, ou os 40 de Red) é a única realidade conhecida pelos detentos, o que faz com que sofram para voltar à vida real. E ainda a ideia de subserviência dos presos para com seus superiores, homens detestáveis que, de fato, mereciam estar naquele lugar mais do que muitos homens presos ali.

Bom, qualquer passo que eu dê a partir daqui sobre esse filme pode acabar introduzindo cenas que realmente não merecem ser contadas, mas sim, assistidas. Se alguém (como é o meu caso) vive em busca de um filme que o deixe de olhos abertos, o proporcione emoções mil, e o surpreenda de todas as formas possíveis com um final extraordinário, vale a pena assistir a Um Sonho de Liberdade.

Trailler:


domingo, 3 de junho de 2012

A Intérprete (The Interpreter)

Ontem a noite tive a oportunidade de assistir ao filme A Intérprete. O que me levou a ele é um trabalho que estou realizando na faculdade sobre a Organização das Nações Unidas, que me fez procurar toda e qualquer referência sobre o tema. Para ser sincera, acredito que o filme pouco me será útil no trabalho, pois o que falam da ONU é o clichê que todos já conhecemos. No entanto, assistir a esse filme, definitivamente, não foi tempo perdido.

Antes de mais nada, como sempre, vamos à sinopse: Silvia Broome (a linda Nicole Kidman, atriz pela qual, confesso, sou apaixonada) é uma intérprete das Nações Unidas, fluente em 8 línguas, inclusive alguns dialetos africanos, já que nascera na África. Certa noite, por acaso, ela ouve uma ameaça de morte a um chefe de Estado africano, que viria discursar em poucos dias na Assembleia Geral.

Ao relatar o que ouviu, agentes federais passam a protegê-la e, ao mesmo tempo, investigar seu passado. O agente Tobin Keller (Sean Penn) descobre uma relação entre a história de Silvia na África e o chefe de Estado que está para chegar nos EUA, fazendo com que ele passe a desconfiar, inclusive, do envolvimento dela com o possível crime. Quanto mais os dois personagens adentram nessa história, crimes e assassinatos são revelados e a dúvida que demora a ser solucionada: estaria Silvia envolvida, de fato, nessa trama?


Vamos agora às críticas: ao pesquisar um pouco as opiniões a respeito do filme, encontrei algumas críticas negativas: "Um suspense político que está mais para drama, mas que ainda assim reserva suas poucas qualidades", "Um filme com cara de Sidney Pollack, mas ainda mais chato que de costume". Particularmente, não concordo com elas. O filme não possui uma carga demasiadamente dramática, apenas o necessário para envolver o público na trama. E o suspense possibilitou um envolvimento até o fim, uma vez que muitas perguntas pairam e só se solucionam no final. Apesar de ter um tema político, o entendimento de sua história é simples e, mesmo aqueles que não se interessam por assuntos diplomáticos e de relações internacionais, é um filme que retém a atenção desde o início.


Além disso, preciso destacar a atuação dos protagonistas. Posso ser suspeita ao falar de Nicole Kidman, mas nesse filme, ela se superou. Ela proporciona um caráter misterioso à personagem, fazendo com que o público demore a entender exatamente quais são suas reais intenções. Mesmo sob o desafio de falar várias línguas, sua interpretação se mostrou natural e extremamente convincente.
Sean Penn também mostra grande talento com sua atuação. Seu personagem havia perdido a esposa há poucos dias, mas ao mesmo tempo tinha de lidar com toda a pressão e responsabilidade desse possível crime. Penn consegue interpretar Tobin Keller de forma bem humana, o que eu acho bastante interessante. Ele não é extremamente frio e profissional, mas ao mesmo tempo não se mostra fraco, mesmo ao contar para Silvia sobre a morte de sua esposa. Os atores mostraram também uma sintonia muito interessante entre si, tornando A Intérprete um excelente filme.
A seguir o trailer do filme, para quem se interessou:


sábado, 2 de junho de 2012

O Despertar da Primavera

O blog passou pelo seu primeiro fim de semana e, por esse motivo, o número de posts caiu entre ontem e hoje. Mas comprometo-me a escrever sempre que houver tempo.
No post Pra Quem é Addams, citei o nome de uma peça que assisti algumas vezes (creio que 4) e senti a necessidade de resenhá-la aqui.


A peça a que me refiro é o musical O Despertar da Primavera. Assim como Familia Addams, é um musical da Broadway que foi trazido ao Brasil. No entanto, os diretores Charles Möeller e Claudio Botelho tiveram uma maior liberdade em criar algumas alterações no espetáculo, o que não ocorreu com a outra. Vale contar também que o musical da Broadway é uma adaptação da peça de Frank Wedeking, de 1891, que na época foi inclusive censurada devido ao seu delicado conteúdo.


Primeiramente, vamos ao enredo: a história se passa na Alemanha, em 1891, época na qual pairava sobre os jovens diversas dúvidas, incertezas e inseguranças, algo não muito diferente dos dias atuais. No entanto, havia uma grande rigidez na criação desses meninos, que não tinham acesso a informações e não podiam contar com seus pais e professores para ensinar-lhes, por exemplo, sobre sexo. A rigidez também trazia grande insegurança para os jovens, que eram duramente repreendidos quando tiravam notas baixas ou faziam perguntas "indevidas".


A trama concentra-se na história de dois adolescentes, Wendla (Mallu Rodrigues) e Melchior (Pierre Baitelli), que há tempos mostravam interesse um pelo outro, mas a impossibilidade de um relacionamento os afastara até então. No entanto, levados pelo impulso e pela ingenuidade, passam a se relacionar e descobrem, tomados por um paradoxo de culpa e desejo, o sexo.


Paralelamente a isso, existem pequenas histórias de amigos do casal que abordam temas que até os dias de hoje se mostram delicados dentro das famílias (imagine então em 1891!). Homossexualidade, depressão, incesto e até mesmo abusos dentro de casa são mostrados em toda a peça, exaltando a dificuldade desses meninos em lidar com um mundo rígido e de censuras. Através disso a trama se desenrola e não poupa mortes, suicídios, prostituição (e palavrões).


Observando esse enredo, pesado até mesmo no contexto atual do século XXI, compreende-se porque a peça foi censurada em 1891. E permite afirmar quão vanguardista foi Wedeking a tratar de temas tão delicados em uma peça teatral. Tive a oportunidade de conversar com os atores e eles me contaram as reações diversas do público. Espanto das velhinhas da primeira fileira, risadas constrangidas de adolescentes com as cenas de sexo e homossexualidade e choros de pessoas que se emocionaram. Uma das atrizes, a que é abusada por seu pai na história, contou que, após o final do espetáculo, determinado dia, uma senhora veio até ela, ainda emocionada e confessou-lhe que o mesmo havia ocorrido com ela, mas que sua época não permitiu-lhe se manifestar contra o que ocorrera.
Apesar da tristeza que este fato retrata, é muito interessante que histórias como essas sejam trazidas para o palco, para que esses assuntos tomem voz perante a sociedade e que crimes desse tipo sejam denunciados.



O elenco brasileiro contou com atores jovens, porém demasiadamente talentosos, não apenas ao que se refere à interpretação, como também à dança e ao canto. Eles trouxeram emoção à história e foram responsáveis pelo grande sucesso do espetáculo (sucesso tal que o contrato teve de ser postergado em São Paulo, devido a pedidos dos fãs). Vale salientar que (só me lembrei de dizer isso agora), apesar da alta carga dramática da peça, há cenas cômicas, sempre com um alto teor crítico, obviamente, mas que tornam a peça ainda mais completa. Destaque para Rodrigo Pandolfo como Morritz, atuação que lhe rendeu o prêmio de melhor ator coadjuvante da APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro)


Infelizmente, o espetáculo não está em cartaz, mas tive informações de que haveria o projeto de remontá-lo e que, inclusive, testes já estavam sendo feitos, porém não pude confirmar esse fato. Como de costume, encerro este post com um vídeo trailer sobre a peça, espero que gostem!

(obs.: alguns atores, como o homem adulto que aparece na gravação, não estava no elenco da peça em São Paulo)

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Peculiaridades de Nova York

Arranha-céus de Manhattan
Provavelmente este será o primeiro de muitos posts sobre a cidade mais incrível do planeta (humilde opinião). Não apenas por haver muito o que falar sobre a grande metrópole, mas também pois planejo viajar para lá por 6 meses em breve. Mas que isso fique para outro momento.

Nova York, cidade mais populosa dos Estados Unidos e uma das mais populosas da América, atrás apenas da Cidade do México e de São Paulo. Tentar elencar tudo que há de interessante por lá seria um trabalho árduo e por fim perdido, mas posso descrever um aspecto que logo me chamou a atenção: as pessoas.

Não, não me refiro apenas aos americanos estereotipados que nos vem a cabeça, louros e acima do peso, mas isso também existe. Também não me refiro apenas à população de latinos que cresce a cada dia, fazendo-nos ouvir o espanhol soar na mesma frequencia que o inglês, mas isso também existe. Ainda sinalizo que não me refiro aos montes de brasileiros, turistando pelas ruas enumeradas de Manhattan, cheios de sacola nas mãos, nos fazendo sentir próximos de casa mesmo estando tão longe, mas isso também existe. Não me refiro apenas a nenhuma cultura, nacionalidade, etnia. Me refiro, sim, ao conjunto delas.

Times Square

Isso torna Nova York um lugar tão incrível. O choque de culturas em meio à Times Square é absurdo. Você ouvirá o familiar português, com certeza. Mas também ouvirá um chinês (ou uma legião deles, como é mais habitual) andando em grupo com enormes câmeras fotográficas. Com certeza encontrará uma família de indianos, com aqueles lenços e roupas exóticas, sempre com diversos filhos consigo. E ainda verá a comunidade árabe que, apesar de toda a discriminação que sofre na cidade do 11 de setembro, ainda é vista aos montes. Como se não bastasse, temos ainda todas as outras línguas europeias, asiáticas, e por ai vai.

Bairro do Harlem

Como se não bastasse, temos os nova yorquinos (ao menos pareciam ser nativos, mas em uma cidade como essa, com tanta gente, sabe-se lá, não é?). Não me refiro a todos, logicamente generalizações não costumam ser convenientes nessas situações. Mas nunca havia me deparado com tipos tão diferentes. O homem da foto, por exemplo, me pareceu um personagem de filme, um gangster, andando pelas ruas próximas ao Central Park com suas calças (extremamente) baixas, cuecas a mostra e gorro. Não duvidaria ainda se ele fosse um desses famosos rappers americanos.

Em Manhattan
Essa outra foto é outro exemplo, e junto a ele vários poderiam ser dados. Poucas foram as imagens que consegui captar bem as pessoas, pois, exceto nas poucas vezes em que pude ser discreta, isso pareceria bastante indelicado. Mas o que mais senti falta em minhas fotografias foram exatamente essas peculiaridades. Fotografar a paisagem é necessário, mas sem pessoas elas não passam de boas imagens, porém cruas. Captar indivíduos torna as recordações mais vivas, mais palpáveis, mais próximas. A meu ver, conhecer gente em outros países, ou apenas observá-las, enriquece incrivelmente uma viagem, tornando-a ainda mais uma experiência única e rica culturalmente.

Para não cair no clichê de postar New York, New York ao final deste post, encontrei um vídeo bastante interessante com imagens bonitas da cidade e ainda com a peculiaridade de gravar o que parecem ser pessoas voando. Se interessou? Assista:


Pra quem é Addams

Já postei sobre música, já postei sobre filme. Agora um post sobre uma peça. Um musical, para ser mais específica.

Quando estive em Nova York, há dois anos atrás, fui assistir ao espetáculo da Broadway "Família Addams", sinceramente, sem muitas expectativas. Pensei que seria engraçadinho, mas nada muito fora do comum. Logicamente eu subestimei a Broadway, na minha ingenuidade de quem nunca havia assistido um musical deles. Mas admito que me surpreendi com o que vi. Além de ter sido divertidíííssimo, de ter cenários muito bem montados, ainda tive o prazer de contar com ninguém menos que Nathan Lane como Gomes. Foi certamente uma experiência inesquecível. Mas o único porém eram as piadas, pois algumas delas se referiam a assuntos que um estrangeiro não tem conhecimento.

Addams Family, na Broadway

Dois anos depois, descubro que teríamos o mesmo espetáculo aqui no Brasil. Logo que surgiu a oportunidade de ir, eu fui, um pouco receosa com a Marisa Orth de Mortícia. Ela se superou, mas ainda a enxergo como uma atriz cômica demais para um papel de uma personagem com a frieza da Mortícia. Enfim, de qualquer forma, a peça é incrível. Como sempre, pelas exigências da própria Broadway, havia uma grande semelhança com a versão americana, no figurino, no cenário e etc. Mas as piadas foram adaptadas para a cultura brasileira. Desde "pra nooossa alegria" até "ai se eu te pego" (triste nossas referências, não?), contando até com anedotas sobre o triste Morte e Vida Severina, o espetáculo se superou com tiradas ótimas, engraçadíssimas e muito divertidas. Destaque para o Daniel Boaventura como Gomes e para Laura Lobo (que também atuou em O Despertar da Primavera, um dos meus musicais prediletos) como Vandinha, que possui uma voz surpreendente.

Familia Addams, no Teatro Abril

Os ingressos vão de 70 a 250 reais a inteira e a peça está em cartaz todas as quintas e sextas às 21h, sábados às 17 e 21h e domingos às 16 e 20h. Mais informações no site http://www.afamiliaaddams.com.br/ .

A seguir um vídeo da abertura da peça, para quem se interessar (de olho na piada de Morte e Vida Severina, rs).


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Venice

Para encerrar os posts do dia, decidi postar fotos que tirei em uma viagem que fiz ano passado para a Itália. As fotos que postei são em Veneza, uma cidade lindíssima e, ao contrário do que muitos dizem, seu cheiro não é nada muito forte (rs). É um destino que não merece tanto tempo de viagem, pois, por ser pequena, os principais pontos turísticos podem ser vistos em dois ou três dias, mas, ao mesmo tempo, deve constar em todo e qualquer roteiro com destino à Itália.


O passeio de gôndola (os pequenos barcos das fotos) é essencial e, apesar de caro, vale cada centavo, para que se conheça a cidade da melhor forma possível. Outros passeios legais são a visita à fábrica de cristais de murano e a Piazza di San Marco, localizada bem no centro, com a linda Basílica, que leva o mesmo nome. Recomendo!




Welcome Home (Propaganda da Nikon)

Bom dia,
O post de agora será breve.
Acredito eu que boa parte das pessoas (pelo menos posso dizer por mim e pelos meus amigos mais próximos) que assistiram a um filme da campanha da Nikon "Eu Sou Nikon" perceberam que, além de ser linda e emocionante, a propaganda leva ao fundo uma música sensacional. Como eu não a conhecia e acabei tendo acesso a ela por acaso, trocando dicas de músicas com um amigo, resolvi divulgá-la aqui. A banda que a criou chama-se Radical Face e seu nome é Welcome Home. O clipe é bem bacana também, vale a pena. É evidente o poder que esta trilha trouxe à propaganda, pois concebeu-lhe uma emoção que as imagens por si só não conseguiriam.

Eu Sou Nikon


Principalmente o momento que o cantor fotografa a platéia, para mim, é digno de arrepio. Sensacional!

Video da música:
Radical Face - Welcome Home




terça-feira, 29 de maio de 2012

Inception (A Origem)

Para aqueles que ainda não assistiram a esse incrível filme, talvez seja interessante ler este post até o momento que for recomendado, para que eu não me sinta responsável por arruinar seu final.

Acabo de assistir pela segunda vez esta obra-prima de Christopher Nolan e, posso afirmar, continuo intrigada com esta história. Me propus a procurar resenhas e discussões sobre o filme, a fim de compreender melhor suas diversas interpretações, sobretudo com relação ao final.

Antes de mais nada, vamos ao seu enredo. Dom Cobb, personagem de Leonardo DiCaprio, é um especialista em adentrar em sonhos, pois desta maneira pode persuadir uma pessoa a adquirir uma determinada mentalidade. Vale enfatizar o fato de que, devido à dificuldade de distinguir o que é realidade e o que não é, Cobb possui um "totem", um pião, para que ele saiba quando está sonhando ou não. Quando ele está sonhando, o brinquedo não para de girar.



Continuando, ele recebe a tarefa de introduzir uma ideia na mente de Fisher (Cillian Murphy) um herdeiro que se tornara milionário com a morte de seu pai. Essa missão é demonstrada na trama, expondo o plano da equipe de Cobb e as diversas dificuldades em executá-lo.

Certamente a maior dessas dificuldades seja a falecida esposa de Cobb, Mal (Marion Cortillard). O casal viveu por muitos anos num ambiente de sonhos criado por eles, mas em determinado momento decidem que precisam voltar à "realidade". No entanto, já acordada, Mal perde suas referências do que é, de fato, real, e acaba se suicidando. Sua lembrança acompanha Cobb nos sonhos em que adentra e constantemente o atrapalha.

Ao mesmo tempo confuso, mas intrigante. A ideia de entrar em um sonho como forma de coerção é bastante interessante, assim como pensar em uma espécie de realidade paralela, um pouco semelhante às discussões de Matrix. Inclusive o questionamento do casal, sobre ser mais feliz ao viver em um sonho, ao invés de encarar a realidade, com certeza passa pela cabeça de quem o assiste. Será mesmo que cada um de nós se proporia a largar todo um mundo criado da forma que mais lhe agrada, para enfrentar as desgraças e dificuldades da realidade?

Bom, mas o que mais merece destaque na discussão sobre o filme é seu final. Talvez quem ainda não o assistiu deva parar de ler agora.

No final, Cobb está com a arquiteta integrante da equipe, Ariadne (Ellen Page) e sua esposa em um nível bastante profundo dos sonhos. A garota consegue escapar, mas Cobb encarrega-se de salvar outro homem. No entanto, quando está em frente a esse homem, ambos mirando uma arma um para o outro, a fim de sair desse sonho, a imagem é cortada.

A próxima cena já situa Cobb, juntamente com sua equipe, em um avião, o local onde eles começaram a penetrar nos sonhos do milionário. Aparentemente, o plano funcionou. Ele retira suas malas e é levado para sua casa, para finalmente encontrar com seus filhos, que há tempos não via. Quando finalmente os encontra, ele gira o pião, mas ver as crianças o distrai e ele não termina de ver se seu totem parou de girar. A câmera acompanha Cobb ao encontro de seus filhos, e depois retorna para o pião. Ele gira, mas antes de percebermos se ele irá parar de rodar ou não, o filme acaba. Portanto, questiona-se: Ele está sonhando?



Acredito que Nolan tenha criado este final para que, de fato, não houvesse uma resposta única. No entanto, algumas dicas são deixadas pelo filme (mas admito que as li na internet!) que me fizeram crer que, infelizmente, Cobb está mesmo sonhando. Além do fato de o pião demorar bastante girando, percebe-se claramente que seus filhos, mesmo que estejam de costas, não cresceram, não mudaram em nada, estando exatamente iguais à ultima vez em que seu pai os viu (essa imagem deles de costas frequentemente aparece nos momentos que Cobb está sonhando). Além disso (esse eu realmente não percebi), sempre que Cobb está em sonhos, ele porta uma aliança. No entanto, quando está acordado, não a utiliza. Pelo que li, no final do filme, ele está de aliança, o que nos levaria a crer que ele ainda sonha.

Independentemente do final, A Origem é um filme espetacular, que leva não apenas a esta, como a diversos questionamentos, deste o debate sobre o que é real, o que é vale mais a pena para se viver, até as formas mais intrigantes de coerção perante um ser humano, por mais hipotéticas que sejam. Para finalizar, deixo aqui o trailer do filme, espero que gostem!




(imagens e algumas ideias retiradas de http://www.gamevicio.com/i/noticias/61/61075-caiu-ou-nao-o-final-de-a-origem/index.html)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Um relicário imenso deste amor

Boa noite,

Decidi iniciar um blog para expor ideias, sejam elas sobre música, política, beleza, viagem ou meras notícias cotidianas. Espero que surjam discussões interessantes e talvez mais a diante que esse site enviese para um caminho específico.

De início, decidi trazer a música que me levou a nomear o blog. A canção Relicário foi criada por Nando Reis e interpretada por ele juntamente com Cássia Eller (pelo menos na versão que mais me agrada). Como grande fã do ruivo, emociono-me bastante com essa música, desde sua letra até a melodia. Em janeiro deste ano tive o prazer de assistir ao show do cantor no Credicard Hall, na zona sul de São Paulo e, com certeza, recomendo bastante.