segunda-feira, 1 de julho de 2013

O Doador (The Giver)

Boa noite,

É tão prazeroso voltar a escrever que não pude resistir e decidi criar mais um post. Neste caso, decidi abordar um livro que fui indicada a ler em Nova York e me apaixonei completamente, tanto pela temática quanto pela forma com que foi escrito (pelo menos na versão em inglês). O Doador (The Giver, na versão original) é uma narrativa bastante tranquila, apesar de abordar um tema complexo, e completamente contagiante. Digo isso pois, em 2 dias, devorei as suas quase 200 páginas, como que num vício incontrolável.


Capa americana do livro

Publicado em 1993 e escrito pela autora havaiana Lois Lowry, O Doador descreve uma sociedade utópica em que não há desigualdade, sofrimento, ou ambição, pois simplesmente não há diferença alguma entre os seres humanos, não há desejo ou mesmo sentimento. Uma sociedade, teoricamente, perfeita, em que não existem conflitos, guerra, assassinatos, fome.

As regras são completamente restritas, desde a vestimenta adequada para cada idade, até a importância do vocabulário correto no momento em que se descreve uma ação ou pensamento. Todos os habitantes da comunidade andam em bicicletas. Todos possuem basicamente as mesmas roupas. Até mesmo o cabelo das meninas deve ser preso da mesma forma, sendo que, caso este se solte, há uma urgência em arrumá-lo. E o que mais me impressionou: cônjuges e até mesmo filhos são escolhidos por aqueles que representariam o Estado. Não há casamento por amor, porque simplesmente não há amor. Não há sexo, porque impede-se a existência do prazer. Não há inconformismo, pois ninguém nessa comunidade jamais testemunhou ou ouviu falar de uma sociedade diferente, em uma realidade diferente. Ninguém, a não ser, o doador.



E essa é a tarefa que o garoto Jonas, o personagem principal da história, será designado a cumprir. Ah sim, o "Estado" escolhe, inclusive, sua profissão, baseado na análise de seu comportamento quando criança, uma das poucas (senão a única) presenças de distinção entre os indivíduos desse grupo. Seu dever pode ser desde gerar crianças (sim, acredite), até construir casas ou cuidar dos mais velhos.

Na celebração de seu décimo segundo ano de vida (todos as 50 crianças que nasceram em determinado ano - pois só nascem 50 por ano - comemoram seus "aniversários" no mesmo dia) Jonas recebe a incrível tarefa de ser o doador. É uma tarefa bastante incomum. Não é concebida todos os anos, muito pelo contrário. A última vez fora a 10 anos atrás, e obteve um final trágico, do qual nenhum cidadão é autorizado a comentar. Mas Jonas foi escolhido, pois descobriu-se que o garoto era, simplesmente, diferente.




Jonas é informado que sua tarefa é digna de muita honra. No entanto, lhe trará muito sofrimento e será o maior desafio de sua vida. Mesmo aqueles que o elegeram pouco sabem o que ela representa de fato. O único que a conhece é seu mentor, o atual doador. Jonas passa a ser admirado por toda a comunidade, mas teme o que essa tarefa poderá lhe causar.

Nas páginas seguintes ocorrem os momentos mais incríveis - super bem descritos - de como o doador transmitirá memórias para Jonas. É extraordinária a forma como Lowry descreve o primeiro contato de um garoto com basicamente tudo que nos rodeia. O calor do sol, a beleza da neve, a felicidade de um natal ou a dor da fome. É triste e maravilhoso ao mesmo tempo, é indescritível e gera muita, mas muita reflexão.




Resenhar esse livro é bastante complicado, devida a densidade e complexidade do assunto. No decorrer da história, o menino descobre fatos assustadores sobre sua sociedade, sobre literalmente todos que o rodeiam. E passa a questioná-la. Afinal, por que apenas uma pessoa em toda a comunidade deve carregar tamanha responsabilidade? Ainda mais, por que prover todos os outros cidadãos de situações e sentimentos tão ricos? A falta da dor justifica a completa ignorância? A passividade com relação ao mundo é realmente o ideal de sociedade?

Receio que não deva ir mais adiante, pois não quero prejudicar a leitura daqueles que se interessaram pela história, Asseguro-lhes que valerá a pena. Se algumas dúvidas permeiam suas mentes nesse momento (talvez com relação às imagens que escolhi para ilustrar esse post), saiba que estas foram propositais. E que a cada página você poderá realmente se surpreender, sendo transportado para uma realidade incrivelmente excitante e assustadora.



ps. 1: Para os corajosos, recomendo a leitura no idioma original, para que não se percam os mínimos detalhes. Asseguro-lhes que o vocabulário é tranquilo e de simples compreensão.
ps. 2: Ao final de sua leitura, tente reler esse post. Talvez suas dúvidas sejam esclarecidas. Caso o faça, não se esqueça de comentar!

4 comentários:

  1. Olá Carina Cleto! Fico feliz que tenha gostado do meu post! Estou te seguindo. Se quiser pode me seguir também! E sinta-se convidada para ir quando quiser lá no meu! (;

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  2. Oi Carina muito obrigada pela visita,adorei seu Blog,me apaixonei por alguns livros aqui.estou seguindo e se quiser me siga kawaii.

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  3. Oi Carina! achei seu blog bacana ... ele aparenta ter uma pegada bem Cult ... gostei muito, continue assim ... bjos!

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  4. Olá Carina, estou retribuindo sua visita a meu blog. O seu também é bacana, você escreve bons textos e pelo visto é uma consumidora de cultura em suas mais variadas manifestações. Nem preciso dizer que os posts que mais gostei foram os de cinema, né? Abs

    http://acervodocinema.blogspot.com

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