No entanto, no caso deste aqui, a recomendação realmente vale a pena. Confesso que fui assistir Para Roma, Com Amor bastante desanimada. O gênero do Woody Allen até me agrada, mas para assistir em um dia chuvoso, em casa, quando não há nada para fazer. Me mobilizar para ir ao cinema, assistir a um filme dele... É, não é algo que eu faria. Mas sorte que fui convencida a ir.
Há de se considerar que o diretor já havia se "reinventado" bastante em Meia Noite em Paris, filme que lhe concedeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. Sair de Nova York e dinamizar mais suas histórias já foi um grande passo para um diretor que está beirando os 80 anos. Isso, de fato, já representa um grande feito. Mas para quem pensa que Woody Allen se superou em Meia Noite em Paris, deve assistir a esse seu novo filme.
Capa de Para Roma, Com Amor |
A história foi baseada na obra Decamerão, escrita por Giovani Boccaccio, entre 1348 e 1353, mas Woody Allen adaptou-a para os dias de hoje. Ela é subdividida em 4 histórias, que aparentemente não se relacionam, mas são todas embasadas em relacionamentos (por mais que esse tipo de filme pareça entediante, acredite, não é).
A primeira delas é a respeito de um casal que vive em Roma. O namorado, Jack (Jesse Eisenberg), encontra pelas ruas da cidade o arquiteto consagrado John (Alec Baldwin), que passa a ser uma espécie de consciência para o garoto no decorrer da trama. Ele também se identifica com as situações enfrentadas por Jack, sobretudo quando a sedutora amiga de sua namorada, papel de Ellen Page (atriz de Juno) chamada Monica, vem passar uns dias na casa do casal e acaba conquistando o garoto.
Não subestime a atriz, por sua pouca idade ou aparência comum, pois sua atuação é realmente muito boa. Essa história é bem legal, sobretudo pelos comentários de John. A garota conta diversas histórias para surpreender Jack, que acaba se envolvendo e admirando-a cada vez mais.
Ellen Page, Jesse Eisenberg e Alec Baldwin |
Ao mesmo tempo, Jerry (Woody Allen) e sua esposa Phyllis (Judy Davis) viajam a Roma para conhecer o genro e sua família. Phyllis é uma psiquiatra que vive analisando seu marido e Jerry é um aposentado que mostra-se frustrado com a falta de uma atividade. No entanto, uma surpresa relacionada com o novo sogro de sua filha despertará o interesse de Jerry.
Essa é a história, na minha opinião, mais cansativa do filme. Convenhamos, Woody Allen sempre reserva para si o papel do personagem mais chato, e nesse filme não foi diferente. No entanto, as situações em que ele coloca o sogro da filha são bastante divertidas.
Woody Allen e Judy Davis |
A próxima história é relativa à vida de Leopoldo, interpretado por Roberto Benigni (premiado ator e diretor italiano), cidadão comum, de classe média, com uma vida pacata em Roma. No entanto, certo dia, ao sair de casa, ele é surpreendido com diversos paparazzis e repórteres que passam a tratá-lo como alguém famoso, fazendo perguntas banais e mostrando extremo interesse sobre sua vida. Ele se torna uma figura pública e passa a sair com modelos famosas, mas constantemente se irrita com a imprensa sempre à sua volta.
Essa história é sensacional. É bastante interessante a abordagem feita por Woody Allen nesse caso, pois mostra quão banais são algumas notícias a respeito de famosos. Perguntas ridiculamente desinteressantes são feitas para Roberto, como "o que comeu no café da manhã" e "que modelo de cuecas usa", gerando o humor da história e questionando alguns comportamentos da imprensa e dos consumidores de "fofocas de famosos".
Roberto Begnini |
Essa história é bem interessante também. A interpretação de Penélope Cruz é ótima, sua personagem é bastante divertida e a atriz realmente incorpora uma prostituta, sem modos ou etiqueta. A confusão toma proporções muito grandes, fator que gera o humor da história.
Alessandro Tiberi e Penélope Cruz |
Depois da análise de cada pequena história, fica claro que minha avaliação sobre o enredo é bastante positiva. Apesar da história em que Woody Allen atua ser um pouco cansativa, o filme como um todo é dinâmico e muito divertido. Apesar de falar de sentimentos e situações não muito originais, a forma como o diretor as expôs tornou o filme, para mim, o melhor de todos já produzidos por Woody Allen (apesar de ter adorado Meia Noite em Paris). As imagens de Roma também são maravilhosas e contribuem para tornar o filme uma grande obra.
Trailer: