segunda-feira, 9 de julho de 2012

Para Roma, Com Amor (To Rome With Love)

Tenho tentado variar um pouco os assuntos mas, devido a esse período de férias, fica difícil não assistir a milhões de filmes. Ai não resisto e acabo falando sobre eles.

No entanto, no caso deste aqui, a recomendação realmente vale a pena. Confesso que fui assistir Para Roma, Com Amor bastante desanimada. O gênero do Woody Allen até me agrada, mas para assistir em um dia chuvoso, em casa, quando não há nada para fazer. Me mobilizar para ir ao cinema, assistir a um filme dele... É, não é algo que eu faria. Mas sorte que fui convencida a ir.
Há de se considerar que o diretor já havia se "reinventado" bastante em Meia Noite em Paris, filme que lhe concedeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. Sair de Nova York e dinamizar mais suas histórias já foi um grande passo para um diretor que está beirando os 80 anos. Isso, de fato, já representa um grande feito. Mas para quem pensa que Woody Allen se superou em Meia Noite em Paris, deve assistir a esse seu novo filme.

Capa de Para Roma, Com Amor

A história foi baseada na obra Decamerão, escrita por Giovani Boccaccio, entre 1348 e 1353, mas Woody Allen adaptou-a para os dias de hoje. Ela é subdividida em 4 histórias, que aparentemente não se relacionam, mas são todas embasadas em relacionamentos (por mais que esse tipo de filme pareça entediante, acredite, não é).

A primeira delas é a respeito de um casal que vive em Roma. O namorado, Jack (Jesse Eisenberg), encontra pelas ruas da cidade o arquiteto consagrado John (Alec Baldwin), que passa a ser uma espécie de consciência para o garoto no decorrer da trama. Ele também se identifica com as situações enfrentadas por Jack, sobretudo quando a sedutora amiga de sua namorada, papel de Ellen Page (atriz de Juno) chamada Monica, vem passar uns dias na casa do casal e acaba conquistando o garoto.
Não subestime a atriz, por sua pouca idade ou aparência comum, pois sua atuação é realmente muito boa. Essa história é bem legal, sobretudo pelos comentários de John. A garota conta diversas histórias para surpreender Jack, que acaba se envolvendo e admirando-a cada vez mais. 

Ellen Page, Jesse Eisenberg e Alec Baldwin

Ao mesmo tempo, Jerry (Woody Allen) e sua esposa Phyllis (Judy Davis) viajam a Roma para conhecer o genro e sua família. Phyllis é uma psiquiatra que vive analisando seu marido e Jerry é um aposentado que mostra-se frustrado com a falta de uma atividade. No entanto, uma surpresa relacionada com o novo sogro de sua filha despertará o interesse de Jerry.
Essa é a história, na minha opinião, mais cansativa do filme. Convenhamos, Woody Allen sempre reserva para si o papel do personagem mais chato, e nesse filme não foi diferente. No entanto, as situações em que ele coloca o sogro da filha são bastante divertidas.


Woody Allen e Judy Davis

A próxima história é relativa à vida de Leopoldo, interpretado por Roberto Benigni (premiado ator e diretor italiano), cidadão comum, de classe média, com uma vida pacata em Roma. No entanto, certo dia, ao sair de casa, ele é surpreendido com diversos paparazzis e repórteres que passam a tratá-lo como alguém famoso, fazendo perguntas banais e mostrando extremo interesse sobre sua vida. Ele se torna uma figura pública e passa a sair com modelos famosas, mas constantemente se irrita com a imprensa sempre à sua volta.
Essa história é sensacional. É bastante interessante a abordagem feita por Woody Allen nesse caso, pois mostra quão banais são algumas notícias a respeito de famosos. Perguntas ridiculamente desinteressantes são feitas para Roberto, como "o que comeu no café da manhã" e "que modelo de cuecas usa", gerando o humor da história e questionando alguns comportamentos da imprensa e dos consumidores de "fofocas de famosos".


Roberto Begnini
Por fim, a última história trata de um casal - Antonio (Alessandro Tiberi) e Milly (Alessandra Mastronardi) - que morava no interior da Itália mas vem para Roma devido ao emprego do marido. No entanto, Mille se perde do marido em busca de um cabeleireiro e acaba encontrando um famoso ator italiano, enquanto Antonio recebe um presente "inesperado" em seu quarto: uma prostituta (papel da linda Penélope Cruz), que acaba sendo confundida como esposa de Antonio, gerando uma enorme confusão para o rapaz.
Essa história é bem interessante também. A interpretação de Penélope Cruz é ótima, sua personagem é bastante divertida e a atriz realmente incorpora uma prostituta, sem modos ou etiqueta. A confusão toma proporções muito grandes, fator que gera o humor da história.

Alessandro Tiberi e Penélope Cruz

Depois da análise de cada pequena história, fica claro que minha avaliação sobre o enredo é bastante positiva. Apesar da história em que Woody Allen atua ser um pouco cansativa, o filme como um todo é dinâmico e muito divertido. Apesar de falar de sentimentos e situações não muito originais, a forma como o diretor as expôs tornou o filme, para mim, o melhor de todos já produzidos por Woody Allen (apesar de ter adorado Meia Noite em Paris). As imagens de Roma também são maravilhosas e contribuem para tornar o filme uma grande obra.

Trailer:

domingo, 8 de julho de 2012

All Work and All Play - Gerações e Consumo

Acabei de assistir um curto vídeo e logo corri para cá a fim de mostrá-lo a vocês.

Lembrou-me bastante um livro que li, O Y Da Questão. Ambos abordam a evolução das gerações ao longo do século sobretudo no ambiente de trabalho, e como isso afeta sua vida pessoal. Abordam também a famosa Geração Y, nascida no final da década de 1980, inicio de 1990, de indivíduos (como eu) que cresceram ao lado do computador, da tecnologia, da flexibilidade e da globalização. O livro que comento é muito interessante, a linguagem é bastante simples e os casos que os autores contam são engraçadíssimos, todos para demonstrar o comportamento dessa nova geração, que está entrando agora no mercado de trabalho. Não me aprofundo mais no tema pois admito que não me lembro de situações ou passagens específicas do livro, pois o li ano passado. Mas certamente o indico, vale bastante a pena.

Capa de O Y da Questão
Logo acima coloquei a foto da capa do livro, onde constam os autores (Lynne C. Lancaster e David Stillman) e a editora (Editora Saraiva). Dêem uma procurada nas livrarias.

Para quem quiser ter uma prévia, vale assistir ao video abaixo. O tema é esse mesmo. Ele foi feito pela Box1848, uma empresa de pesquisa especializada em tendências e comportamento de consumo. Ele começa explicando um pouco sobre os Baby Boomers, em seguida passa para a Geração X e por fim fala dos Millennials, que seria a Geração Y. Impossível não se identificar, é um trabalho muito interessante, que vale seus (apenas) 10 minutos de duração.


Sombras da Noite (Dark Shadows)

Oi oi.
Como prometido, os posts voltarão a ser frequentes.

Esse é sobre o novo filme do Tim Burton, que vem sendo bastante comentado na mídia, como de costume. Sombras da Noite é uma espécie de comédia, com aquele jeito tradicional de bizarrisses (no bom sentido) do diretor. É inegável dizer que Tim Burton anda um tanto acomodado em suas obras, uma vez que esse conteúdo gótico não cansa de permear seus filmes. Há quem tenha se cansado disso e, consequentemente, não tenha gostado da produção. Eu, particularmente, acredito que, no caso de Tim, as opiniões sempre serão extremas. Existe sempre aqueles apaixonados e aqueles que mal podem ouvir seu nome, uma vez que o gênero de seus filmes é um tanto "exótico". Pois bem, se o leitor não se atrai muito por esse gênero, não gaste seu tempo assistindo Sombras da Noite, pois pensará ser "variação do mesmo tema". No entanto, se este gênero te agrada, acredito que sairá bastante satisfeito do cinema.

Cartaz do Filme

Trazendo o tema recorrente de vampiros, mas bem menos "romântico-batido" que Crepúsculo, o filme conta a história de Barnabas Collins, estrelado (obviamente) por Johnny Depp, sendo este o oitavo filme em que Tim e Johnny trabalham juntos. Em meados do século XVIII, Barnabas era um homem bastante rico, que conquistava diversas mulheres. Um de seus relacionamentos, com Angelique (Eva Green - ótima atriz), logo fez com que a garota se apaixonasse. No entanto, pouco tempo depois, Barnabas apaixona-se por Josette (Bella Hearthcote - chatinha, lembra a atriz de Alice), despertando o ciúme e a ira de Angelique, que revela-se uma feiticeira. Ela não só mata os pais de Barnabas e sua amada, como também o transforma em um vampiro e o trancafia em um caixão por duzentos anos.
Família Collins
Depois de todo esse tempo, ele finalmente escapa do caixão e volta para sua antiga casa, agora habitada por seus novos parentes. É ai que entra Helena Bonham Carter, esposa de Tim Burton e sempre atriz de seus filmes, no papel de Julia Hoffman, integrante (pouco importante) da família. A diferença de épocas é fator principal para o humor do filme, trazendo diversas confusões de Barnabas, como a troca de carroças por carros, terra por estradas asfaltadas, e por ai vai. Parece uma piada óbvia, mas é realmente divertido. Ao conviver com a família, descobre que Angelique ainda vive e é responsável pela falência da família Collins. Barnabas decide então se vingar, reativando os antigos negócios e incomodando a feiticeira. 


Barnabas (Johnny Depp) e Angelique (Eva Green)
(cena divertidíssima em que os personagens transam)

O filme é muito bom, divertido, mas de fato não surpreende. Não se deve criar muitas expectativas a respeito, mas é válido. A meu ver, assistir a uma atuação de Johnny Depp é sempre prazeroso, seja lá o papel, apesar de sua maquiagem não tê-lo deixado atraente como de costume. Helena é um pouco nula, a impressão que me passou foi que seu papel era dispensável, mas ser esposa de Tim Burton lhe "abriu portas", não sei, mas sua atuação também é interessante. Acredito que Eva Green mereça destaque, por representar brilhantemente uma mulher forte, sensual, mas completamente louca de ciúmes. As imagens são sempre ótimas e a filmagem é realmente muito boa.
Digo novamente que, para quem gosta, vale a pena.

Trailer:

sábado, 7 de julho de 2012

Equus (Teatro Folha)

Enfim que volta, para um novo post.

Prometi voltar com mais frequência, mas perder o hábito realmente é complicado. No entanto, logo menos me organizo e volto a postar mais por aqui.

Bom, esse post é a respeito da peça Equus, em cartaz até o dia 19 de agosto desse ano, no Teatro Folha (dentro do shopping Higienópolis). O espetáculo já gerou bastante repercussão na Inglaterra, sobretudo em função do protagonista ser Daniel Radcliffe, o ator da saga Harry Potter e de ele realizar cenas de nudismo juntamente a um cavalo. A estreia em São Paulo teve muito sucesso, em função da grande divulgação, inclusive na grande Rede Globo.


No elenco, temos Leonardo Miggiorin no lugar de Radcliffe, interpretando Alan Strang, jovem bastante complexado que passa a se consultar com o psiquiatra Martin Dysart (Elias Andreato), depois de um perturbador crime: ter cegado 5 cavalos do estábulo onde trabalhava. No decorrer da história, Martin tenta desvendar os problemas de Alan, através sobretudo de sua família e de seu passado. No entanto, as revelações vão se mostrando cada vez mais intensas, e acabam fazendo com que Martin enfrente seus próprios medos e inseguranças.



Diferentemente da versão britânica, que contava com cavalos de verdade no palco (algo que para mim é bastante questionável, uma vez que o trabalho representa um estresse terrível para o animal), em São Paulo podemos contar com atores que representam os bichos. Pode parecer estranho e até mesmo questionável, mas a representação deles ficou maravilhosa e tornou a peça, a meu ver, ainda mais intensa. Admiro bastante a criatividade do brasileiro em adaptar o óbvio, tornando-o ainda mais artístico.

Outro fator que merece destaque é a atuação de Miggiorin. Não se precipite com essa carinha de ator da Malhação, pois ele atua magnificamente. Chega a ser perturbador vê-lo sofrer com todo o seu passado e o reflexo deste em suas ações. Miggiorin expressa brilhantemente a imensidão de sentimentos pelos quais Alan passa. Além disso, as cenas de nudez foram feitas com grande profissionalismo, algo que também me surpreendeu. Aliás, esse é um ponto que deve ser salientado: existem algumas cenas em que ele e uma outra garota aparecem nus, algo que pode incomodar determinado público. Mas é importante que se diga que em nenhum momento há cenas vulgares, desnecessariamente sexuais e sobretudo de zoofilia. 



Para quem não se incomoda com isso, a peça tende a ser um ótimo espetáculo. Não é exatamente uma história que eu considere comercial, já que "não é para qualquer um", devido à densidade do assunto e tudo mais. Mas é uma dica interessante para quem busca uma peça inteligente, dessas que prendem a plateia do começo ao fim.

Os ingressos variam de 40 a 60 reais a inteira. A partir de hoje, sextas as 21h30, sábados as 22h e domingos as 20h. A duração é de 90 minutos e o conteúdo não é recomendado para menores de 16 anos.
Encontrei aqui um vídeo para quem se interessar:



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Um Sonho de Liberdade (Shawshank Redemption)

Boa noite,

Me ausentei por muito tempo. Motivos foram vários.. viagens, faculdade, correria de provas e trabalhos.. Mas agora que estou (quase) de férias, decidi voltar a escrever e recuperar o tempo perdido.

Na verdade, o que mais me motivou foi o incrível filme que assisti ontem mesmo. Sempre que assisto um filme que me agrada bastante eu acabo me entusiasmando ao descrevê-lo. Perdoem possíveis exageros meus, mas realmente me surpreendi com essa história incrível, dirigida por Frank Darabont, protagonizada (e narrada) por ninguém menos que Morgan Freeman, além do ator Tim Robbins, que eu particularmente não conhecia exatamente o trabalho, mas me impressionei com a qualidade de sua atuação.

Uma descrição do enredo: Andy Dufresne (Tim Robbins), um rico banqueiro, é acusado injustamente do assassinato de sua esposa e seu amante. Devido à gravidade do crime, Andy é sentenciado a prisão perpétua na penitenciária de Shawshank (daí o nome, em inglês, do filme) onde, de início, sofre agressões e abusos diversos, seja de detentos que o corrompem sexualmente, seja do diretor e capitão que o agridem e o manipulam. Lá ele também conhece Red (Morgan Freeman), detento famoso por realizar compras ilegais de produtos para os detentos.

Andy e Red em um partida de damas
Red, narrador da história, logo conta perceber em Andy algo diferente. Detentor de uma incrível genialidade, o personagem realiza, no decorrer da história, diversas ações (algumas mais pontuais, outras nem tanto, mas todas maravilhosas) para proporcionar aos detentos cultura e breves momentos de felicidade e liberdade. E no final (não se preocupem, não contarei!), Andy expressa mais do que nunca sua genialidade, num feito que, sinceramente, consumiu horas de meus pensamentos ao terminar de assistir ao longa metragem.

Eu acredito, realmente, que essa história é uma das mais incríveis que já assisti. Não apenas pela trama central de Andy (me entusiasmo bastante com histórias sobre pessoas inteligentes, rs), mas também por apresentar uma visão bastante interessante de como é a realidade de um prisioneiro. Admito que o diretor atenuou alguns dos momentos mais "pesados" do filme, e portanto o dia-a-dia daqueles homens não pode ser levado, ao pé da letra, como o verdadeiro dia-a-dia de um detento. Os protagonistas têm muita sorte de terem se encontrado e de terem formado um grupo de amigos relativamente saudável, algo que, acredito eu, não seja muito comum em uma penitenciária.
Capa do filme
Porém, algumas perspectivas apresentadas são muito interessantes. A percepção de liberdade, já totalmente abandonada por Red e que Andy busca trazê-la de volta. A ideia de que a prisão pode ser um local ruim no começo, mas que depois de um tempo (como os quase 20 anos de Andy, ou os 40 de Red) é a única realidade conhecida pelos detentos, o que faz com que sofram para voltar à vida real. E ainda a ideia de subserviência dos presos para com seus superiores, homens detestáveis que, de fato, mereciam estar naquele lugar mais do que muitos homens presos ali.

Bom, qualquer passo que eu dê a partir daqui sobre esse filme pode acabar introduzindo cenas que realmente não merecem ser contadas, mas sim, assistidas. Se alguém (como é o meu caso) vive em busca de um filme que o deixe de olhos abertos, o proporcione emoções mil, e o surpreenda de todas as formas possíveis com um final extraordinário, vale a pena assistir a Um Sonho de Liberdade.

Trailler: